MAIS UM POEMA
Ao professor António Castro Caeiro
É só mais um poema.
Há tantos que não pode haver tantos que o sejam.
Então o que é? De onde chegam?
Qual a natureza desta embriaguez lúcida que me toma?
Onde mora o centro fértil desta harmonia?
Fora ou dentro?
Será um coito ou uma afirmação desabrigada da loucura?
Os pássaros respondem a todas estas perguntas.
Não os entendo, porém.
Talvez seja isso mesmo um poema,
uma tentativa mais para entender a fala dos anjos
ou dialeto interior dos pássaros que fomos ou seremos,
porque o presente não existe.
É um tempo demasiado puro e escasso
para a imperfeição dos sentidos.
Onde ia eu? Ah, sim, o poema...
Dizia então que o poema não é o que parece ser,
porque nunca havemos de chegar à essência das coisas.
É o que a ciência dos computadores chama de firewall humana.
Sem comentários:
Enviar um comentário