sexta-feira, 12 de março de 2021

[0729] Ainda Luís Palma Gomes, quase nosso poeta residente


MAIS UM POEMA


 Ao professor António Castro Caeiro


É só mais um poema.

Há tantos que não pode haver tantos que o sejam.

Então o que é? De onde chegam? 

Qual a natureza desta embriaguez lúcida que me toma?


Onde mora o centro fértil desta harmonia?

Fora ou dentro?

Será um  coito ou uma afirmação desabrigada da loucura? 


Os pássaros respondem a todas estas perguntas. 

Não os entendo, porém.

Talvez seja isso mesmo um poema, 

uma tentativa mais para entender a fala dos anjos 

ou dialeto interior dos pássaros que fomos ou seremos, 

porque o presente não existe.

É um tempo demasiado puro e escasso

para a imperfeição dos sentidos.


Onde ia eu? Ah, sim, o poema...


Dizia então que o poema não é o que parece ser,

porque nunca havemos de chegar à essência  das coisas.

É o que a ciência dos computadores chama de firewall humana.




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