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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

[0411] Aureliano Lima, o escultor poeta


Nasceu em Carregal do Sal em 1916 e faleceu em Vila Nova de Gaia 1984. Escultor, desenhador, medalhista e poeta. Durante muitos anos viveu em Coimbra, foi bolseiro em Paris, antes de se transferir para o Porto e Vila Nova de Gaia. Recebeu o Prémio Galaico de Poesia


POEMA 

Ah, eu o sei pelos rios vitalícios.
Eu o sei pelos vivos em seus
teares: é aqui que levanto
o amor ressuscitado, entre

o coração e o dardo. Sei-o
pelo arado, entre o ser e o
círio, pelas páginas
de dentro, em que as coisas

se veneram na combustão
das metáforas descalças:
aves que foram ontem;
lâmpadas que foram soltas,

enquanto as sílabas, em seus
ocultos olhos, nos fixam
como punhos e se deitam
ou nos dizem que o

espírito é um malmequer
aberto, um espinho
e um arco, o lugar
do abismo sob o vácuo.

É aqui que se erguem os braços,
líquidos como navalhas,
álgidos como faúlhas, em
seus dedos múltiplos.