domingo, 28 de novembro de 2021

[0751] Poema inédito de Juergen Heinrich Maar

PUREZA  -  MEMÓRIA

de "Cem Sonetos à Moda Antiga" (inédito)

Estais acima de nós, 

  acima deste jantar 

(Carlos Drummond de Andrade, excerto de "A Mesa")

                                     

Linho branco reflete a cor do vinho,                       

O vinho que no linho sombras lança, 

Imagens de vinhetas no caminho 

Branco, branco, por mais que a vista avança. 


Já está, pois, posta a mesa, à luz de velas, 

Cristais e pratas, linhos, vinhos brancos, 

Vinhos e linhos brancos que nas telas 

À luz das velas deixam de ser brancos. 


O vermelho nas telas, carmim e ouro, 

Nada falta na mesa posta, nada: 

Luzes, vinhos, aromas, bom agouro.


Comensais e convivas, por que nada 

Se consome, o vinho não se verte? 

- O conviva de branco está inerte. 


(1982)

terça-feira, 23 de novembro de 2021

[0750] "Melodia de Ouro", novo poema de Carlota de Barros

MELODIA DE OURO


Penso no Bailado

como Sílvia bailava no poema

seu sonho de amor    

leve melancolia esvoaçando

como colibris sobre flores adocicadas

rumor de pétalas ou de lágrimas submissas

gotejando peregrinas de seus olhos meigos 

nas mãos de seu par

que a acompanhava no seu voo de amor

elevando-a suavemente nos braços

leveza de luz    graça    alegria e felicidade


No bailado sensual e puro

bebe sua lágrima de mel

solidão baloiçando 

no seu sonho de amor


Eroticamente  Sílvia oferece-lhe seu voo

seu sonho   melodia de ouro

melancólica presença de si mesma

nas asas do sonho

mais sonho que vida vivida



Carlota de Barros

Lisboa, 17 de Novembro de 2021