quinta-feira, 23 de maio de 2019

[0658] "Rotxa Scribida", novo livro de Nuno Rebocho, sai em Lisboa

APRESENTAÇÃO DE “ROTXA SCRIBIDA” NA SEDE DA UCCLA

Na sede da UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa - Av. da Índia, 110, Lisboa), o poeta e escritor Mário Máximo faz, em 30 de Maio às 18h00, a apresentação em Lisboa do último livro de Nuno Rebocho, “Rotxa Scribida”, edição da Rosa de Porcelana Editora.

Apesar do titulado em crioulo, o autor presta com este livro homenagem a Cabo Verde, país onde residiu largos anos.

Antes da apresentação em Lisboa, “Rotxa Scribida” foi já divulgado no arquipélago cabo-verdiano, nas cidades da Praia e de Assomada.

terça-feira, 21 de maio de 2019

[0657] NUNO REBOCHO, POEMAS DE TERÇA-FEIRA (27) Nuno Rebocho, a carta de rumos

Viajando pela ilha do Maio, Nuno Rebocho encontrou a memória dos piratas que no passado ali fundearam, convertendo-a numa espécie de “santuário” e de “nova Tortuga”. À beira da belíssima salina de Porto Inglês, o poeta construiu o poema que aqui nos traz.


na gávea desfibro o horizonte
com a alma à cintura pronta a espadeirar
coragens inglórias e frenesis de medos:
à abordagem! grito e desperto o mar
e a meninice dos poetas: eles sabem
as dores do mundo e mordem a vida
com a clarividência dos profetas
- eles sabem o que custa parir
e continuar a sorrir

e de maio parto para as ilhas dos meses
que todas com o coração se escrevem
e com a mesma chacina dos dias:
na vigia da vela que se descortina
ou na ânsia da chuva que afaga ou
de quando a esperança se reescreve
sobre o mapa de tudo recomeçar e o mundo
- levantar âncoras estimula a vontade
de valer mais que cada golpe a liberdade

confesso: já fui pirata no corso dos desejos
- o que ficou foi o imenso mar nunca alcançado
e a suspeita de outros mares e outros. fundeei
para o alimento das tabernas: só restou
a mortalha da memória e a sede
de nunca renunciar. e sobrou o mar.
eu sei que é nos tombadilhos que a noite adormece
e a água espreita o sobressalto do combate
mas não temo alguma vez naufragar

trago da salina o curativo das feridas
e as mãos curtidas pelo astro mouro. já doeu.
já não dói. mesmo que as lágrimas rasguem
as rugas outonais garanto que não dói:
icem as velas para largadas novas
e lá vou eu – para outras refregas e novas saudades
lâmina na boca e peito exposto:
a novidade nunca cansa quando a esperança é gosto
e a carta de rumos saboreia a liberdade


segunda-feira, 20 de maio de 2019

[0656] Leituras públicas do Pen Clube

O PEN Clube Portugal promove a 30 de Maio às 18h00 na Livraria Ferin (na Baixa-Chiado, Lisboa) uma sessão de Leituras Públicas com a participação de Luís Filipe Castro Mandes, Manuel Frias Martins e Teolinda Gersão.



domingo, 19 de maio de 2019

[0655] Nuno Rebocho vai ser homenageado em Santa Catarina, ilha de Santiago, Cabo Verde

A Câmara Municipal de Santa Catarina vai homenagear na próxima quarta-feira, 22, a partir das 16h00, no Centro Cultural Norberto Tavares, o escritor e jornalista Nuno Rebocho, que atualmente reside em Portugal mas viveu durante 17 anos em Cabo Verde, onde desenvolveu intensa atividade como jornalista e intelectual.

Nuno Rebocho é um grande amigo de Santa Catarina, tendo utilizado a sua influência e contactos internacionais na área da Cultura para abrir portas à autarquia e trazer grandes eventos para Assomada.

Sarau e apresentação de livro

Um Sarau de Homenagem a Nuno Rebocho, com a participação do grupo de Batucadeiras Raiz Fincado (de Nhagar), de David Rocha (guitarra e voz) e leitura de poemas do autor, constam da programação que coincide com o lançamento do último livro de Rebocho, ROTXA SCRIBIDA, que conta com a apresentação de António Alte Pinho, António Sérgio Barbosa, Inês Ramos e Tchalê Figueira.

O livro de poemas, levado à estampa pela Rosa de Porcelana Editora, é uma viagem pelos dezassete anos de passagem de Nuno Rebocho por Cabo Verde, através do arguto olhar do poeta e do jornalista, numa narrativa apaixonada e envolvente.

«Dezassete anos em Cabo Verde impregnaram-me de cabo-verdianidade. Foram usos e costumes, foram hábitos e tradições, foi toda uma cultura crioula e até mesmo o seu linguajar muito especial que em quase duas décadas moldaram o meu ânimo e espírito tal como a terrível bruma seca que, por longos períodos durante o ano, sobrevoa as ilhas e me deixou sequelas na respiração», escreve o escritor à laia de explicação.

O Autor

Jornalista, poeta e escritor, Nuno Rebocho nasceu em Queluz (Portugal), mas cresceu e estudou em Moçambique, e viveu cerca de uma década na cidade da Praia, capital de Cabo Verde.

Ex-jornalista da imprensa escrita e da rádio, tanto em Portugal como em Cabo Verde, Nuno Rebocho desempenhou funções de chefe de redação da RDP – Antena 2, foi assessor do ministro da Habitação, Obras Públicas e Transportes do VI e VII governos constitucionais de Portugal e assessor da Câmara Municipal de Ribeira Grande de Santiago, em Cabo Verde. É, ainda, Cidadão Honorário da Cidade Velha e foi nomeado assessor lusófono da Korsang di Melaka.

Nuno Rebocho é autor de vasta obra publicada em Portugal, Cabo Verde, Brasil e Argentina.


sexta-feira, 10 de maio de 2019

[0652] O poeta-pintor Nicolau Saião "barrica-se" na Casa da Muralha em Arronches e "dispara" 24 desenhos digitais sobre papel

Palavras do poeta-pintor, por ele próprio:

Como o dia tem 24 horas, achei bem partilhar - e estão patentes na Casa da Muralha (sala grande) até dia 15 do corrente - 24 obras pela técnica digital, em papel cavalinho tamanho A3 de que, com v/ licença, vos envio cópia anexa para uns minutos de eventual contemplação com a v/ proverbial gentileza.

E como tudo é possível neste blogue, inauguramos hoje em estreia mundial a Galeria IM, aberta 24 horas, e nela reproduzimos os vinte e quatro trabalhos do artista. Veja também AQUI sobre Nicolau Saião e a sua Casa da Muralha.

A casa
Amores
Aurora
Aventura dos continentes
Cesariny
D. Quixote
Dormitório
Entardecer
Exodus
Génesis
Histórias
Imagem 1
Imagem
Images
Natureza-morta
O apelo dos séculos
O lobisomem
O verão
Passeio
Pietá
Satan
Segredo
Sinais do dia
Um pouco de Paraíso

quarta-feira, 8 de maio de 2019

[0651] "Praças", de António Pedro Correia, venceu Pémio Literário UCCLA

O vencedor da 4.ª edição do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa foi atribuído ao livro “Praças” da autoria de António Pedro Serrano de Sousa Correia, português natural de Angola. A obra vencedora foi anunciada no dia 5 de Maio - Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP - no Mercado da Língua Portuguesa, no Mercado da Vila em Cascais.
António Pedro Serrano de Sousa Correia nasceu em Angola em 1961. É artista plástico, dedicando-se especialmente à escultura, à criação de objectos tridimensionais e à área de instalação multidisciplinar. 
O Prémio Literário é uma iniciativa conjunta da UCCLA, Editora A Bela e o Monstro e Movimento 2014, que conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e da Comissão Temática para a Promoção da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP.


[0650]


[0649] Novo livro de Dina Salústio

No auditório do BCA, em Chã de Areia, cidade da Praia, apresentado por Elvira Reis, às 18h00 de 10 de Maio, é lançado o livro de Dina Salústio, “Veromar”.


[0648] Jorge Vicente lança "Cavalo que passa devagar"

Apresentado por Rui de Sousa na Livraria “Misturado” (Rua José Estêvão, 45, Lisboa), a 12 de Maio (domingo), 16h30, a editora Volta d’Mar, lança o novo livro de poemas de Jorge Vicente, “Cavalo que passa devagar”.

sábado, 4 de maio de 2019

[0647] Novo livro de Nuno Rebocho, prestes a sair na ilha de Santiago e, para breve, também em Lisboa

É apresentado pelo poeta Filinto Elísio e pelo também poeta e pintor Tchalé Figueira no Instituto de Língua Portuguesa (Casa Cor de Rosa), às 18h00, a 9 de Maio, quinta-feira, na cidade da Praia (ilha de Santiago, Cabo Verde), o mais recente livro de poesia de Nuno Rebocho, “Rotxa Scribida” (edição Rosa de Porcelana). O mais recente livro de Nuno Rebocho será depois apresentado na Assomada (a 22 de Maio) e em Lisboa (a 29 de Maio), por altura da Feira do Livro.


quarta-feira, 1 de maio de 2019

[0646] NUNO REBOCHO, POEMAS DE TERÇA-FEIRA (26) Nuno Rebocho, o discurso do método


Habitualmente com Nuno Rebocho "on air" às terças-feiras, IM guardou o presente poema do autor para o 1.º de Maio, saindo portanto em vez de terça à quarta (o que também fica bem...).

“Discurso do Método” representou o início de uma nova caminhada do poeta. Fica aqui um dos seus poemas indicativos, uma reflexão sobre a intimidade e o discurso.


OS SONS DA ILHA


1

aliás o movimento é tudo. é a tensão entre o som
e o seu conteúdo apesar das palavras brancas
a enrolar os dias com sorrisos e hipocrisias.
e apesar dos silêncios que são a cólera da cal sobre o corpo
é no centro do cromeleque que as tensões se sentem
porque em volta estão os despojos (os sentimentos adormecidos
pela rotina dos discursos redondos
em volta) estão as desvontades e é assim
que os neurónios se dinamitam.

o movimento é tudo: o gesto e as palavras rubras
o rubor da face e o enlace dos corpos
as suas rugas - o aquecer das fugas
no exercício dos desejos. o movimento é tudo:
naufragam os marasmos no movimento do mar.
a maravilha é torcer o mar com as mãos calejadas
e trazer na boca o travo das madrugadas
e palavras azuis para beijar as namoradas.

o movimento é tudo e tudo é movimento:
o aroma e o consentimento o ódio e o comprazimento
um avião a correr na pista
um golpe de asa um golpe de vista
um golpe uma falha a casa toda e toda a tralha.
o movimento é o cerne e o que concerne
é o contexto: o texto    o pretexto é o fogo que molda o metal
é o braço a perna é o músculo
é o agudo é o grave é o esdrúxulo.

o movimento é tudo. e assim sendo
o mar espeta as orelhas e inquieta o entusiasmo.
eu pasmo.


2

o mágico governa os objectos mais do que as palavras
e dá-lhes o secreto caminho para a estranha intimidade por dentro:
são sólidos e ausentes da gordura dos nomes.
que os nomes se colam à superfície dos objectos e
designam-nos na curiosa arbitrariedade das mentes
: o objecto cadeira não necessita a palavra cadeira:
a palavra cadeira é que precisa do objecto. é
assim a estranha intimidade por fora.

assim disserto sobre este facto de estar sentado
sobre a arbitrariedade dos sons
e aconchegado na almofada das palavras.

eu sei que a mão pesada do sentimento disfarça a ambiguidade.
mas como explicar que as coisas simples acabem por ser complexas quando as vergasta a perplexidade? deixo que a magia
(da água e do ar) penetre na intensa relação do que me envolve
e agarro as perguntas com o incómodo silêncio das tardes sábias:
o que pensa e sente um objecto se as palavras lhe são alheias? bem
eu queria ser imóvel quanto eles os objectos presentes e desculpar-me:
afinal sentir é um projecto de palavras sem a solidez dos objectos.

assim disserto sobre este facto de ficar vazio no perene
sentimento da quase eternidade sobre a rasa superfície do imóvel.


3

entender é ter asas: no templo dos nomes vários fomos donos das coisas
e do
corpo
e dos sótãos e dos vocabulários.
fomos mandatários
das casas e das asas.
no jardim das palavras
as abelhas eram aforismos
e até de cada dedo
fazíamos algarismos.

muito marchámos e murchámos
através da ponte dos séculos. muito secámos a língua na mica dos olhos
e muito desfolhámos
nas coisas os seus nomes para que os choutos fossem geeira
e fossem âncoras.
então: assim aprendemos a sabedoria do mutismo
e trocámos as palavras e truncámos os gestos
e burlámos com os gestos as palavras
(actos fossem ou impactes
sem a restrição dos dias).

temos portanto os sons: agora os sons agarrados e monossilábicos
cada som preso a cada coisa e cada coisa presa
mas nem despimos as roupas da ambiguidade. sequer atalhámos
os caminhos pelos corta-fogos de esquecer
a jeira dos volfrâmios quando cessámos de garimpar
a pulcra sintonia dos olhos
já manietados pelo ritmo.



4

estes são os sons que significam a ilha: onde os silêncios
são rocha e os pressentimentos são limos
onde recomeçamos o que já conseguimos
onde inteiros somos de tantos nos repartirmos
onde desaguamos sempre que dela partimos.

os símbolos valem o que valem: a noite
não é a morte nem o ventre da criação.
é a consequência da rotação do planeta.