Rui Almeida nasceu em Lisboa em 1972. Poeta, foi Secretário Nacional para os Bens Culturais da Igreja. Foi Prémio Literário Manuel Alegre em 2013.
Em três horas de viagem
Se lêem poemas com 40 anos,
Contemporâneos de começar
A ser quem hoje é em viagem
Nesta costa, neste longe
Atlântico incerto, inevitável.
Nesta costa foi o que é agora
Sonhado, silencioso,
Tenso, rumoroso
E fraco, como ainda
Custa ser. Se ser é isto,
Como seria não ser?
E como seria limpar o rosto
Depois de cada Agosto?
SEM TÍTULO
Agora é o tempo todo desde sempre.
Abandono tenso de leveza
Levada às cordas vocais
No incómodo do esforço.
Caudal da vontade
Tornada assombro táctil.
POEMA
Como se um sobressalto
Pudesse prolongar-se por vários dias
E conter passos e olhares
Sem que o espanto momentâneo se dissipe.
A limpidez de tudo
Delimita o mundo à sensação,
Traz as coisas ao contacto com a pele,
Experiências do tremor
Na demora que concentra.
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