Usando o pseudónimo literário de Voz d’Aurora, Elias R. B. Chipalavela nasceu em Mavinga em 1992. Membro da Brigada Jovem da Literatura de Angola é uma das vozes da jovem poesia angolana. Estudante de Direito em Luanda, é co-fundador da Associação Grupo de Busca e Difusão do Saber.
NA SERRA DA LUA
Na serra da lua, o piscar do seu olhar
Milimetricamente actua
O silêncio de seus lábios para aventura
Insinua
Espero ver o rio descendo, correndo
Espero ver o rio, na serra da lua,
Na serra da lua!
Na serra da lua, o ópio de seu perfume
Ardiloso cativando
O ritmo da sua fala a saudade expurgando
Espero ver o rio descendo, correndo
Espero ver o rio, na serra da lua,
Na serra da lua!
Na serra da lua, frenética ânsia
Triste alma fustigando
Em nostálgica imagem belo sonho
Fumegando
Espero ver o rio descendo correndo
Espero ver o rio, na serra da lua,
Na serra da lua!
O GRITO DOS KANDENGUES
Entre sonhos e sonâmbulos, o grito dos kandengues
A noite cai em prantos, não há manjar no prato!
Queremos o manjar, sim, choramos por um manjar
Sem manjar no prato, mamã não dormiremos
Papá é bom de prosa, mas nossa fome já não cega
Queremos o manjar, sim, choramos por um manjar
Sem manjar no prato, mamã não dormiremos
Medo temos de dormir, medo temos de não mais acordar
Queremos o manjar, sim, choramos por um manjar
Não há manjar para acalentar a fome, a revolução do estômago
Nem palavras que possam nutrir talvez os nossos ânimos
Queremos o manjar, sim, choramos por um manjar
Entre sonhos e sonâmbulos, o grito dos kandengues
Não há manjar no prato: noite cai em prantos!
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