Nascido no Porto em 1904 e falecido na mesma cidade, em 1984, Pedro da Cunha
Pimentel Homem de Melo teve uma juventude pautada de ideais monárquicos e
conservadores, foi advogado e professor, destacando-se como folclorista com grande sucesso em programa de televisão. Foi distinguido com o Prémio Antero de Quental (1940) e o Prémio Nacional de Poesia (1973).
Poeta
injustamente esquecido, de linguagem simples e linear, foi autor de letras de
canções que tiveram fama, como “Povo que Lavas no Rio”.
AMIZADE
Ser-se amigo é ser-se pai
( — Ou mais do que pai talvez...)
É pôr-se a boca onde cai
A nódoa que nos desfez.
É dar sem receber nada,
Consciente da prisão,
Onde os nossos passos vão
Em linha por nós traçada...
É saber que nos consome
A sede, e sentirmos bem
O Céu, por na Terra, alguém
Rir, cantar e não ter fome.
É aceitar a mentira
E achá-la formosa e humana
Só porque a gente respira
O ar de quem nos engana.
( — Ou mais do que pai talvez...)
É pôr-se a boca onde cai
A nódoa que nos desfez.
É dar sem receber nada,
Consciente da prisão,
Onde os nossos passos vão
Em linha por nós traçada...
É saber que nos consome
A sede, e sentirmos bem
O Céu, por na Terra, alguém
Rir, cantar e não ter fome.
É aceitar a mentira
E achá-la formosa e humana
Só porque a gente respira
O ar de quem nos engana.
REVELAÇÃO
Tinha quarenta e cinco… e eu, dezasseis…
Na minha fronte, indómitos anéis
Vinham da infância, saltitando ainda.
Contavam dela: — Já falou a Reis!
Tinha quarenta e cinco… e eu, dezasseis…
Formosa? Não. Mais que formosa: linda.
Seu olhar diz: Seja o que o
Amor quiser
A verdade planta que os meus
dedos tomem!
Pela
última vez foste mulher…
E eu, pela vez primeira, fui um homem!
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