Um dos grandes poetas cabo-verdianos contemporâneos, Mário Alberto de Almeida Fonseca nasceu na cidade da Praia em 1939 e aí faleceu em 2007. Foi professor de francês no Senegal, poeta e cronista, trabalhou na Mauritânia e na Turquia. Fundou a revista “Seló”, parte da sua obra poética foi escrita em francês. Combatente pela causa de libertação de Cabo Verde do jugo colonial português, foi autor de “O Mar e as Rosas”, confiscado pela censura salazarista em 1964 (aquando do encerramento da Associação Portuguesa de Escritores). De regresso a Cabo Verde depois da sua independência, foi presidente do Instituto de Língua Portuguesa e do então Instituto Nacional da Cultura e teve papel activo na democratização do seu país. Era irmão do actual Presidente da República cabo-verdiana, o poeta Jorge Carlos Fonseca.
Na noite longa
minha alma
chora sua fome e séculos
Meus olhos crescem
e choram famintos de eternidade
até serem duas estrelas
brilhantes
no céu imenso.
E o infinito se detém em mim
Na noite longa
uma remotíssima nostalgia
afunda minha alma
E eu choro marítimas lágrimas
enquanto meu desejo heróico
de engolir os céus
se alarga
e é já céu.
Tenho então
a sensação esparsamente longa
de vogar no absoluto.
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