domingo, 9 de setembro de 2018

[0067] Liberto da Cruz, a inquietação permanente

Nascido em Sintra e 1935, Liberto Cruz é professor, romancista, ensaísta e poeta. 

Foi conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Paris, coordenador da Cultura na Comissão Nacional da UNESCO e director da Fundação Oriente. 

Dirigiu a revista literária “Sibila”.



1.

 A noite caindo.
O recolher das aves.
Súbito o silêncio.
A brisa
O corpo afaga
A paz encontra.

Silente
A penumbra
Nos envolve.


2.

A noite chega
E a flor chega
Da melancolia.
Seu odor estende.
A sonolência arde
Pelo corpo desliza
Derrapa e sobressalta.

A noite chega.
Em melancolia fica.


3.

A chaga sulcando
O corpo.
Sédula sonora
Semente servil
De ódio
Engatilhado.

Sôfrega na orla
Ao vento arrecadada
A luz emerge.

Sem comentários:

Enviar um comentário