quinta-feira, 30 de agosto de 2018

[0025] Lembrando Maria Almira Medina, a "Menina Girassol"

Injustamente hoje esquecida, Maria Almira Medina foi (e é) considerada “figura incontornável”.

Poeta, ceramista, jornalista, professora, a “Menina Girassol” (título de um dos seus livros) faleceu com 95 anos mas foi eternamente jovem.

A sua poesia fica marcada pela sua leveza, como o demonstra um dos seus poemas inéditos.

Foi directora do “Jornal de Sintra”, fundado por seu pai e de que durante anos foi directora do seu Suplemento Cultural, na companhia de Antónia Gadanha e Nuno Rebocho.


O CHALET DA CONDESSA, NUMA MANHÃ DE MARÇO

Pés vegetais descobriram caminhos
longitudinais.
Logo troncos arbóreos verticalizam os sonhos
                da navegação em verde
na boca de outras índias mais.
Depois
os fetos
tais desenhos de mãos e dedos
a acariciar dolentes os penedos
linguajaram falas alegrias mágoas
num diálogo poliglota banhado de águas.
então as flores da cameleira rebentaram
                em notas musicais
o pitósporo odorizou a primavera inteira
o junípero a tília a magnólia e o
        eucalipto “obliqua” marcaram uma
                etapa de amor
uma chegada

O farol da chegada era a casa
com os seus olhos de lume e boca incendiada.

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