Crítico e poeta nascido em 1920, em Olhão, e falecido em 1987 em Lisboa.
Armando Ventura Ferreira foi poeta e crítico. Autor de “Astronave” (merecedor do Prémio de Poesia instituído pelos Suplementos Literários da Imprensa Regional de 1963) e de “Carro de Apoio”, foi um dos criadores do movimento poético des-integracionista.
De “Astronave”, fica um dos seus poemas:
Armando Ventura Ferreira foi poeta e crítico. Autor de “Astronave” (merecedor do Prémio de Poesia instituído pelos Suplementos Literários da Imprensa Regional de 1963) e de “Carro de Apoio”, foi um dos criadores do movimento poético des-integracionista.
De “Astronave”, fica um dos seus poemas:
V
Ficaram na terra a chamar-me herói
mas eu sigo pelo espaço, angustiado
procuro um refúgio onde não o há,
pois onde for dar, serei sempre eu.
Coroas de louros e cantam nos jornais,
rei do espaço me chamam,
ah, mas quem me dera o tanque onde me banhava,
que me dera agarrar os seios da moça,
quem me dera a praia onde, nu,
me torrava ao sol o dia inteiro!
Si, quem me dera o sol e o corpo negro
no fim do verão!
Mas cá vou indo,
desmentindo os mitos do céu finito
para quê, sei lá bem,
mas vou e os planetas passam
por mim, enquanto os sóis da memória me abrasam.
Estou agora muito quieto
à espera do choque,
sei que vencerei e direi à terra
onde está o ponto transitório
com que sonha.
Mas entretanto,
ah, entretanto,
sinto falta dum corpo
ao lado do meu,
sinto falta de laranjas e de sol,
sinto falta de lores
de cravos e de rosas,
sinto falta do meu espasmo violento
derramando o meu ser dentro do teu.
Mas não me lamento, cá vou, é preciso ir
é preciso conquistar mais céu e mais espaço e entrar, tremendo de
medo, em planetas ávidos.
Ah, mas a saudade de um pouco de água,
uma água de fonte fresca,
a saudade dum amor ardente
que me detenha, um pouco, longinquamente,
na subida gloriosa e amarga
do infinito.
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