terça-feira, 26 de janeiro de 2021

[0727] Luís Palma Gomes, poema novo, em oferta ao IM


MAU TEMPO

Por enquanto, a gata naufraga  num refugo de Sol. Insolente, desperdiça a vida, vivendo-a. Saberá ela que tem sete?

Uma cerca de nuvens conspira a restauração da sombra. O vento ladra nas persianas. Os pássaros leram nas folhas dos ulmeiros a tempestade. E partiram aos bandos para o azul mais alto que há nos primeiros quadros de um pintor esquecido. 

Quando pressentes a noite ao meio-dia, já sabes, que é inverno. E mesmo que, em pijama, te banhes numa caneca de chá e te seques depois na margem dos biscoitos, o mau tempo recorda-te que és carbónico e pouco mais do que isso.



Sem comentários:

Enviar um comentário