Publicamos os tradicionais poemas (às terças-feiras) deste autor. Do seu livro “Canções Peripatéticas”, recolhemos a “Lição das Dores”.
A LIÇÃO DAS DORES
não desesperemos que sempre um tempo
precede outro tempo e uma sombra
oculta outra sombra. os desassombros
também murcham como as papoilas
e podem ser tão efémeros mas a chuva os resgata
: servem para isso as sementes adormecidas
nos torrões e as vespas que nos viços os sugaram.
até os silêncios servem mesmo quando são lágrimas
e as noites são cansaços. as trufas
também se acolhem onde os sobros choram
na lição das dores - que são mestras
e tecem os dias felizes
com os fios das saudades. são penélopes
entretendo os calendários dos úteros envilecidos.
são os regatos que no seu percurso serão mares
e ensinam às bocas a vontade de cantar.
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