terça-feira, 6 de novembro de 2018

[0381] NUNO REBOCHO, POEMAS DE TERÇA-FEIRA (5) Nuno Rebocho, os verdes anos


Quando surgiu em Portugal (em 1963) o movimento literário chamado Desintegracionista (com Armando Ventura Ferreira, Costa Mendes, Fernando Grade, Hugo Beja, Júlio-António Salgueiro, o autor do poema aqui publicado e o artista plástico Mário Elias), Nuno Rebocho esbracejara nas águas surrealistas, como o prova o seu primeiro livro publicado, “Breviário de João Crisóstomo”.


DAS RIQUEZAS DO SIÃO

ei oba oba oba escaravelho da china    canto social do huang-ho:
os chineses estão felizes    fiz chichi no huang-ho
vou aos remos na barca
tschplão tschplão  das riquezas de cantão das riquezas do sião
da prata do sião   dos bebés do sião    dos rapazes do sião
a febre tifóide a tuberculose (também chamada tísica
ah a doença biológica)
dos cricris do sião dos grilos do sião

ei oba oba oba escaravelho da china    ei oba oba oba ribabarca ribachina
tschplão tschplão vou na barca
rouco de ti   rouco do mundo   rouco de gritar longe
o sinal proibido da minha face

ei oba oba oba escaravelho da china   escaravelho do sião
tschplão tschplão os corvos do sião     os corpos do sião
canto social dos narizes do sião   canto social do caixão
vão
agarrados à barra do canhão  agarrados à chuva de cantão
frio gelado nevão
ei oba oba oba riquezas do sião 

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