Quando surgiu em Portugal (em 1963) o movimento literário chamado Desintegracionista (com Armando Ventura Ferreira, Costa Mendes, Fernando Grade, Hugo Beja, Júlio-António Salgueiro, o autor do poema aqui publicado e o artista plástico Mário Elias), Nuno Rebocho esbracejara nas águas surrealistas, como o prova o seu primeiro livro publicado, “Breviário de João Crisóstomo”.
DAS RIQUEZAS DO SIÃO
ei oba oba oba escaravelho da china canto social do huang-ho:
os chineses estão felizes fiz chichi no huang-ho
vou aos remos na barca
tschplão tschplão das riquezas de cantão das riquezas do sião
da prata do sião dos bebés do sião dos rapazes do sião
a febre tifóide a tuberculose (também chamada tísica
ah a doença biológica)
dos cricris do sião dos grilos do sião
ei oba oba oba escaravelho da china ei oba oba oba ribabarca ribachina
tschplão tschplão vou na barca
rouco de ti rouco do mundo rouco de gritar longe
o sinal proibido da minha face
ei oba oba oba escaravelho da china escaravelho do sião
tschplão tschplão os corvos do sião os corpos do sião
canto social dos narizes do sião canto social do caixão
vão
agarrados à barra do canhão agarrados à chuva de cantão
frio gelado nevão
ei oba oba oba riquezas do sião
Sem comentários:
Enviar um comentário