quinta-feira, 1 de novembro de 2018

[0355] Maria Helena Sato, entre Cabo Verde e o Brasil

Maria Helena Sato nasceu em Cabo Verde (antes colónia portuguesa, hoje República de Cabo Verde, África - não confundir com o Cabo Verde do Brasil). É mestre em Comunicação, com pós-graduação em Literatura, Comunicação Social, Comunicação Corporativa Internacional e especialização em Recursos Humanos, é bacharel em Letras. Após carreira na área corporativa (nas áreas de Comunicação, Responsabilidade Social e Memória Empresarial), exerce atualmente o ofício de Tradutora Pública e Intérprete Comercial (Inglês, Francês e Espanhol) nomeada para o Estado de São Paulo e participa de projetos socioculturais. 

Livros publicados
Prosa: "Esperança / Hope" (livro bilíngue, de contos, que faz parte do evento oficial em homenagem aos 110 anos da imigração japonesa no Brasil); "Uma dona de casa que não falava inglês" (Ed. Coruja, 2017); "Histórias da Vó Ná" (Ed. Komedi, 2015); "Elementos" (Ed. A Lápis, 2014); "A Garota Espacial" (Ed. Komedi, 2013); "Januário Leite, O Poeta Além-Vale" (com Luis Romano) (Ed. Komedi, 2005) ___ Poesia: "ponte@palavra.cv.br" (Ed. A Lápis, 2015) (foi organizadora e coautora; contou com duas outras cabo-verdianas convidadas: Maria Faria de Brito e Lavínia St. Aubyn); "Areias e Ramas" (Ed. Mosteiro da Santa Cruz, 2006); "Cristais" (Ed. Komedi, 2005); "Camaleoa" (Ed. Arx-Siciliano, 2004); "Caminho Orvalhado" (Ed. Mosteiro da Santa Cruz, 2004); "Presente do Mar" (Ed. Mosteiro da Santa Cruz, 2003); "Farol" (Ed. Mosteiro da Santa Cruz, 2003); "Recados de Mulheres para os Homens que as Amam" (2002); "Faíscas" (2001); "Bonsais e Haicais" (2000) ___ Livros traduzidos: "O lava-pés – um não sacramento" (Ed. Loyola, 2015) (original em francês); "As 7 Biorotas da Saúde, Bem-Estar e Longevidade" (Ed. Globo, 2006) (original em espanhol).


ENJEITADA

Para que não se
desmanche
não se desfaça jamais
nem solta
saltada flutue
ou perfure
canoas e ondas,
guardo-a, palavra,
em lábios 
de sal,
em lágrimas ardentes
de sol
e acrisolada a deponho
à soleira, casa de estrelas, 
estrelas
que moram
no mar. 


DESAPEGO

Poeta, pirata dos mares
Marujo de portos e esperas...
Mas nunca espera – só parte
Nas ondas, nas velas, luares...
E reparte em tesouros, no mar,
As rimas do seu versejar. 


INTIMIDADE

Antes,
foi a escrita.
Depois,
a poesia.
Quando a poesia
não tinha mais
não sabia mais
não cabia mais,
você chegou. 


IRREFLECTIDA

Botão em silêncio
a cor na seiva
sobe
extensa alcança]
espicha
a dor...

Longe o lago,
a flor não sabe
que virou flor. 


ANDORINHA

Se anuncia árias,
ordem os astros,
não sei. 
Mas é anterior 
ao movimento – 
e antes que se nomeie
vento,
bruma,
barlavento,
o nó da palavra
alada
lavra estação. 

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