sexta-feira, 28 de setembro de 2018

[0217] Eleutério Sanches

Artista plástico, poeta, actor, músico e professor, Eleutério Rodrigues de Sá e Sanches nasceu em Luanda em 1935 e faleceu naquela cidade em 2016. Estudou em Portugal, onde foi monitor de ergoterapia no Hospital Júlio de Matos. Foi um dos fundadores da UNAP, União Nacional dos Artistas Plásticos, e pertenceu ao Grupo de Teatro Jograis de Angola. A sua poesia, muito simples e directa, reflexo do vitalismo angolano serviu para suportes de canções que se tornaram célebres na voz do povo.


CANÇÃO PARA TIA CHICA COILÓ

Na quintinha da tia Chica Coiló
Tinha doce, doce docinha…
A quindumba da tia Chica Coiló
Era branca, branca, branquinha

Saudosa tia Chica Coiló
Com seus cabelos brancos de vóvó!

A moringa da tia Chica Coiló
Era nova, nova, novinha…
A cubata de tia Chica Coiló
Era velha, velha, velhinha…

Saudosa tia Chica Coiló
Com seus cabelos brancos de vóvó!

A quindumba da tia Chica Coiló
Era branca, branca, branquinha…
A mão grande da tia Chica Coiló
Era negra, negra, negrinha…

Saudosa tia Chica Coiló
Com seus cabelos brancos de vóvó!

Ai saudade! Saudadinha


CANÇÃO DO SUBÚRBIO

Cubatas velhas vermelhas
do solo velho vermelho
e a chva tamborilando
por cima do zinco velho

e a minha velha lavando
na velha celha cantando
já não há mais folhas secas
sobre o zinco  das cubatas,

umas o vento as levou
outras são velhas canoas
sobre as vermelhas lagoas
que a chuva improvisou

e onde o neto da ximinha
chapinha contente e nu


LUANDA 

Luanda
Da fortaleza em penhor
Na expressão de uma aguarela
Que o artista com fervor
Majestosa e bela Luanda
Debruçada sobre o mar
Onde as ondas uma a uma
Vêm desfazer-se em espuma
À tua ilha beijar Luanda
Do batuque pela noitinha
E as acácias em flor
És tu Luanda a Rainha
Senhora do meu amor

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