Luís Maria Leitão, mais conhecido pelo pseudónimo de Luís Veiga Leitão, nasceu em Moimenta da Beira em 1912 e faleceu em Niterói, Brasil, em 1987. Poeta e artista plástico, destacou-se como militante antifascista pelo que, devido à perseguição salazarista, teve que se exilar no Brasil.
MANHÃ
-Bom dia. Diz-me um guarda.
Eu não ouço...apenas olho
das chaves o grande molho
parindo um riso na farda.
Vómito insuportável de ironia
Bom dia, porquê bom dia?
Olhe, senhor guarda
(no fundo a minha boca rugia)
aqui é noite, ninguém mora,
deite esse bom dia lá fora
porque lá fora é que é dia!
A UMA BICICLETA DESENHADA NA CELA
Nesta parede que me veste
da cabeça aos pés, inteira,
bem hajas, companheira,
as viagens que me deste.
Aqui,
onde o dia é mal nascido,
jamais me cansou
o rumo que deixou
o lápis proibido...
Bem haja a mão que te criou!
Olhos montados no teu selim
pedalei, atravessei
e viajei
para além de mim.
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