sábado, 15 de setembro de 2018

[0116] Eugénio de Andrade, a lira simples e vibrante

Pseudónimo de José Fontinhas, nasceu na Póvoa da Atalaia, Fundão, em 1923 e faleceu no Porto em 2005. 

Incentivado por António Botto, começou a poetar desde 1936, convivendo depois com Miguel Torga e Eduardo Lourenço. Granjeou a consagração com a publicação de “As Mãos e os Frutos” em 1948. Poeta, contista e tradutor, distanciado da chamada vida social, raramente aparecia em público. 

Foi Prémio da Associação Internacional dos Críticos Literários em 1986, Prémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus em 1988, Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores em 1989 e Prémio Camões de 2001.


PROCURA A MARAVILHA

Procura a maravilha

Onde um beijo sabe
a barcos  bruma

No brilho redondo
e jovem dos joelhos

Na noite inclinada
de melancolia

Procura

Procura a maravilha


NUNCA O VERÃO SE DEMORA

Nunca o verão se demora
assim nos lábios
e na água
- como podíamos morrer,
tão próximos
e nus e inocentes?


LEVAR-TE À BOCA

Levar-te à boca,
beber a água
mais funda do teu ser –

se a luz é tanta


como se pode morrer?

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