sábado, 15 de setembro de 2018

[0114] Mário Máximo e a expressão da lusofonia


Natural de Lisboa, nascido em 1956, gestor de empresas privadas e públicas, poeta, escritor e declamador, foi autarca (vereador e vice-presidente da Câmara Municipal de Odivelas), Director Executivo da Fundação Natália Correia, Presidente da Associação Fernando Pessoa e administrador do Centro Cultural Malaposta, comissário da Bienal de Culturas Lusófonas e do Encontro de Escritores Lusófonos. Cidadão Honorário de Cidade Velha (Cabo Verde). Recebeu a Bolsa de Criação Literária de 1999, autor de “Oração Pagã”, “As Viagens Essenciais” e “Mercador de Utopias”, entre outros títulos. Foi Prémio da Lusofonia em 2017.



Na pintura do quadro a óleo que eu nunca pintarei as cores começam a tomar a tela. De alto a baixo, com seus diferentes matizes. Umas são nítidas, quase puras. Outras misturam-se até ao ponto do inesperado, criando novas cores. As pinceladas tornam-se mais fortes ou mais fracas. Sobrepõem-se. Anulam-se. Conquistam formas. Cada nova forma é um novo ser. Uma espécie de ser alado de inspiração. Muda-se de pincel consoante o que se pretende. Dilui-se mais ou menos. Inventam-se castelos onde nem pedras há. O pintor olha o quadro de longe. Olha o quadro de perto. Aguarda pela luz da manhã se acaso o pintou à noite. Como pode aguardar pela luz do entardecer ou pela noite iluminada por lâmpadas. Digo isto e digo a palavra. O poema. Não chamo pintor, mas digo poeta. Não chamo tintas: são pensamentos. Não chamo quadro: é livro! Livro!

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No cinzeiro da vida
deixamos, com arrogância, as cinzas
dos sonhos que nunca teremos como troféu.
Queimamos instantes, como queimamos corações
e corpos e estrofes de poemas.
No cinzeiro da vida
as cinzas são como todas as cinzas.
Irreconhecíveis de outras cinzas!
Não sei como é possível
                                  continuarmos a ser
fumadores de sonhos...

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