Amílcar Cabral, de seu nome completo Amílcar Lopes Cabral, nasceu em Bafatá, na Guiné-Bissau, em 1924 e foi assassinado em Conacri em 1973. Foi o obreiro das independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Político e teórico marxista, elaborou um pensamento muito próprio. Vindo para Cabo Verde muito novo (aos 8 anos de idade), estudou no Mindelo (Liceu Gil Eanes). Com uma bolsa de estudos foi para Portugal cursar Agronomia, envolveu-se com outros estudantes africanos frequentando a Casa de Estudantes do Império (com Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos). Trabalhou como agrónomo na Guiné-Bissau a partir de 1952, entrando em choque com as autoridades coloniais. Em consequência, transferiu-se para Angola onde se uniu ao movimento independentista. Juntamente com Aristides Pereira, seu irmão Luís Cabral, Elisée Turpin e outros funda o PAIGC, que cria uma delegação em Conacri em 1963 onde foi assassinado em 20 de janeiro de 1973. Além de político e “pai” das independências guineense e cabo-verdiana, foi também assinalável poeta.
EU SOU TUDO E SOU NADA…
Eu sou tudo e sou nada,
Mas busco-me incessantemente,
– Não me encontro!
Oh farrapos de nuvens, passarões não alados,
levai-me convosco!
Já não quero esta vida,
quero ir nos espaços
para onde não sei.
ILHA
Tu vives — mãe adormecida —
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som de músicas sem música
das águas que nos prendem…
Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
— os sonhos dos teus filhos —
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!
Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
— terra dura —
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!
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