Nasceu em 1956, é
jornalista e realizador de televisão, cinema e vídeo, poeta e escritor,
professor de escrita recreativa.
Foi Coordenador Internacional da Organization
Mondial de Poètes, Presidente da Associação Ibero-Americana de Escritores e é
membro do International Comite of World Congress of Poets.
Aqui deixamos mais
três dos seus poemas:
Sabe que tudo é formado por coisas simples
e nada simples é
tudo é necessário e
mortal. Do dogma à crítica transcendente,
o fragmento da
totalidade no espaço e no tempo
é o que se intui, nem
olho de deus nem arquitecto do universo
nem ser necessário,
nega a sua necessária existência.
A razão de ser de todas
as coisas não é deus, talvez a coisa
não se demonstre por
impossibilidade da sua nudez ideal.
Do natural defeito ao
erro irracional,
a refutação de uma
falsa origem, o buraco negro e o seu esplendor
imaginariamente
artístico. Onde as periferias são sugadas
e aniquiladas por uma
potência teórica
da qual pouco se sabe.
O movimento, sem roda nem deus,
faz da expansão a sua
existência comum num lugar a haver.
…………
Que lugar tem a ciência
no mundo transcendente?
Pensa na água e na
matéria do planeta, no sangue
e na mãe-fenómeno, a extensão
do real à dilatação
dos olhos, o
deslumbramento dos líquidos veneráveis,
a varanda suspensa
sobre as interrogações
que navegam nos abismos
dos mistérios concedidos
à observação; pensa nas
coisas em si, na sua fulgurância
fenoménica, o que dos
enigmas apreende,
o inexplicável na
orografia da ciência,
o paradoxo de ser
subterrâneo e aéreo a um tempo desconexo.
A razão especula (e ele
ri no sossego do seu desassossego)
o que à existência a
impossibilidade nega à resposta:
se a alma existe na
eternidade
e se deus não é um
auto-retrato do medo.
…………
A causa daquele olhar
foi a minha distração;
não houve recepção à
lucidez daquela presença.
Inconscientemente
omisso do mundo, a única existência
na abstração era a
arquitectura do edifício da palavra.
Saber e acção, sem a
ilusão quotidiana de um olhar,
razão e manifestação da
ideia, texto em carne viva,
o sangue nas
entrelinhas, o pulsar do ser,
a teoria da existência
única.
Talvez a percepção do
teu sinal
me levasse ao
conhecimento desse olhar que questiona
o homem absorto da
realidade dessa existência
que poderia escrever a
quatro mãos
o que o presente
desconhece do futuro.
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