Com Caetano da Costa Alegre, “ibn Mucana” complementa hoje o mostruário do advento da poesia santomense actual no qual se agigantam os nomes de Francisco José Tenreiro, Alda do Espírito Santo e Manuela Maria Margarido, todos já apresentados neste portal.
Costa Alegra nasceu en 1864 e morreu em Lisboa em 1890, ainda bastante novo (apenas 25 anos), devido à tuberculose. Crioulo de origem cabo-verdiana, durante oito anos viveu em Portugal, e aí começou a poetar com relativo êxito. Verdadeiramente, foi um percursor dos poetas africanos lusófonos posteriores.
É uma poesia marcada pela impressionante beleza das ilhas, pelo irromper das ideias independentistas e pela afirmação da negritude que começava a irromper em África e na América.
Vi-te passar, longe de mim, distante.
Como uma estátua de ébano ambulante.
Ias d luto, doce toutinegra
E o teu aspecto pesaroso e triste
Prendeu minha alma, sedutora negra.
Depois, cativa de invisível laço
(O teu encanto, a que ninguém resista)
Foi-te seguindo o pequenino passo
Até que o vulto gracioso e lindo
Desapareceu longe de mim distante.
Como uma estatura de ébono no ambulante.
O MENINO
A preta lavadeira já é mãe
e a sua primeira preocupação
foi mostrar o seu menino preto
ao patrão
e à senhora do patrão...
O seu homem veio também.
Ela vestiu panos estampados, novos, era mãe,
Ele trazia o menino ao colo, aconchegado.
Vinham contentes, ela gesticulando.
Por fim chegaram.
E discutiram entre os dois qual o primeiro a falar.
E sorriram para o seu menino preto.
Abriu a porta a senhora do patrão.
E os dois apenas disseram:
O menino!
Estava feita a apresentação.
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