segunda-feira, 3 de setembro de 2018

[0039] Poesia de Morgado Mbalate

Morgado Henrique Mbalate (nascido na Matola, Maputo, em 1993), mais conhecido por Morgado Mbalate. É formado em Filosofia e especializado em Recursos Humanos pela Universidade São Tomás de Moçambique (USTM). Teve curta passagem pela Escola Nacional de Aeronáutica onde estudou Electrónica e Telecomunicações. Poeta, autor de um livro de poesia “Odisseia da Alma”, publicado pela Edições Esgotadas. De entre prémios e distinções, destaque para as menções honrosas no Premio Mondiale di Poesia Nósside 2014 e no Prémio Fernanda de Castro do IV Concurso Internacional de Poesia e Prosa 2017 (Brasil). Está inscrito em diversas antologias internacionais e tem textos publicados em revistas e jornais de Moçambique e Brasil, com destaque para as revistas brasileiras Por dentro da África, Letrilha, e Oficina Poética.


MORADA

Teve um dia que tinha um rio correndo na palma da minha mão.
Peguei nesse rio pensando que de um lápis se tratasse.
E tentei escrever um poema na pele de um beija-flor encostado ao chão.
Tentei também fotografar a voz de uma borboleta.
Entretanto, só consegui beijar o corpo de uma luz.
Fiquei feliz por ter tentado construir uma casa com poesia na imaginação.
Nesse dia o pôr-do-sol se fez dentro de mim.
A partir desse dia minha alma passou a ser a morada do ciclo do vento.


O SONHO AFRICANO

Um sonho se guarda em volta dos meus passos.
África sonha quando escrevo.
Escrevo para incentivar o povo africano a sonhar.
Todos os meus escritos são tentativas de renascer-me África.
Ser africano é ser invadido pelo sonho de liberdade.
Sou um pouco da África que nasce.
Sou um pouco da África que morre.
Sou muito da África que sonha


ODISSEIA DA AMA

A alma é pássaro.
Multicolor e multiforme.
Ora assume a forma da terra e a cor do mar.
Ora assume ao mesmo tempo a cor e a forma do vento.
Em verdade, em verdade, o corpo é ramo no qual a alma decola.
Toda alma é pássaro terno e eterno.

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