Francisco José Tenreiro nasceu em S. Tomé em 1921 e faleceu em Lisboa em 1963.
Foi geógrafo, professor e poeta. Veio muito jovem para Lisboa onde alinhou com o movimento neo-realista e identificando-se com as ideias de negritude chegadas vindas dos Estados Unidos e de França.
De sua autoria, o livro de poesia “Ilha do Nome Santo” (1942) está inserido em “Poesia Negra de Expressão Portuguesa, 1953.
A sua poesia exalta o homem africano na sua globalidade.
1.
Quando seu Silva Costa
Chegou na ilha
Trouxe uma garrafa de aguardente
Para o primeiro comércio
A terra era tão vasta
Havia tanto calor
Que a água
Parecia não ter potência
Para acalmar a sede da sua garganta.
Seu Silva Costa
Bebeu metade…
E sua garganta ganhou palavra
Para o primeiro comércio
2.
A lua batendo nos palmares
Tem carícias de sonho
Nos olhos de Sam Màrinha.
Silêncio!
O mar batendo nas rochas
É o eco da ilha.
Silêncio!
Lá no longe
Soluçam as cubatas
Batidas dum lar sem sonho.
Silêncio!
No canto da rua
Os brancos estão fazendo negócio
A golpes de champagne!
3.
Mãe Negra contou:
“eu disse:
filhinho
beba essa coisa não…
Filhinho riu tanto tanto!...”
Nhá Rita calou-se
Só os olhos e as rugas
Estremeceram um sorriso longínquo.
- E depois Mãe-Negra?
Oh!
Filhinho
Entrou no vinhateiro
Vinhateiro entrou nele…”
Os olhos de nhá Rita
Estão avermelhando de tristeza.
Hum!
Filhinho
Ficou esquecendo sua mãe!...
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