segunda-feira, 3 de setembro de 2018

[0031] Tony Tcheka e a revelação da poesia guineense

Foto RTP
Tony Tcheka (António Soares Lopes Júnior) é já um histórico da poesia da Guiné-Bissau. A sua poesia reflete a resistência do povo guineense à opressão que o martiriza. Vem desde o movimento anunciador de "Mantenhas para quem luta", com José Carlos Schwartz. Foi um dos fundadores da União de Escritores e Artistas da Guiné-Bissau. Como jornalista foi diretor da Rádio Nacional da Guiné-Bissau e do jornal "No Pintcha", tendo dirigido a Associação Guineense de Jornalistas. Foi Prémio da Lusofonia em 2017. 


POVO ADORMECIDO

Há chuvas
que o meu povo não canta
Há chuvas
que o meu povo não ri
Perdeu a alma
na parede alta do macaréu
Fala calado
e canta magoado
Vinga-se no tambor
na palma e no caju
mas o ritmo não sai
Dobra-se sob o sikó
como o guerreiro vergado
cala o sofrimento no peito
O meu povo
chora no canto
canta no choro
e fala na garganta do bombolon
Grei silêncio
quebrado
nas gargalhadas de Kussilintra
em quedas de água
moldando pedras
esfriando corpos
esculpidos
no corpo do bissilão

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