ANTES DO PEQUENO-ALMOÇO
As manhãs têm um fundo lasso,
são palavras difíceis que trouxe da infância
para fazer em casa.
Ao longe, o estribilho do chamariz
rompe a calma da cidade que não dorme.
E, por um instante, sou feliz,
pelo menos ao longe.
No fundo do poço,
a carpa roda, roda
à procura de um buraco,
tímido logro que a leve ao mar aberto —
afinal replicada barragem,
pequena liberdade por expandir.
Haverá vida em verso, no reverso, no multiverso,
ou mesmo no inverso desta realidade premente
que me antecipa, ainda deitada, o pequeno-almoço.
Depois retorno à minha sorte.
E equiparado às coisas que agora vejo,
vou e esqueço.
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