A MARCHA
Ouviste tu, irmão, falar na longa marcha da derrota?
Talvez os meus passos lunares
não tenham deixado um rasto platinado
para que possas agora recordá-la.
Silenciei com um gesto toda a orquestra.
E deixei que as cinzas enchessem a sala do concerto,
enquanto escapei às arrecuas pela escada de incêndio.
Agora o dia reclama-me
mais por hábito que por convicção.
E vou de multidão em multidão
numa estranha incompetência que me leva à solidão.
Quando puder,
encostar-me-ei à margem do caminho.
E sentado no lancil
esperarei a vinda da próxima ilusão
até se esgotar a areia que rola indiferente
no relógio de parede que arde à nossa frente.
(Desculpa-me a tristeza.)
A tristeza é e sempre foi berço de belos versos. Parabéns! MFernandaPinto
ResponderEliminar