POSSIBILIDADES
Talvez seja demasiado tarde,
talvez seja ainda cedo,
talvez não baste
ou seja, mesmo demais.
Olho para trás
e desconfio que não valeria a pena
voltar ao último cruzamento.
Olho para a frente
e a estrada estende-se
até ao infinito sem que nada de reluzente
se eleve da paisagem.
Os que por mim passam em sentido contrário,
sussurram a impenitência, o desconforto
do caminho que tenho de percorrer.
Talvez seja pertinente
escrever, escrever
como se as folhas brancas
fossem aqueles pequenos recortes do rio
onde as águas param e ali estagnadas ficam
para apodrecer ou evaporar.
Talvez por debaixo dessas poças,
surja um húmus negro, lamacento, nauseabundo,
mas ideal para uma erva, rasa e trivial, nascer.
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