José Rui Teixeira nasceu no Porto, em 1974. Filósofo e
poeta, é director e presidente do Conselho Científico da Cátedra Poesia e
Transcendência [Sophia de Mello Breyner Andresen], na Universidade Católica
Portuguesa no Porto. Membro da Asociación Latinoamericana de Literatura y
Teología e da European Society for Catholic Theology.
SEM TÍTULO
Os
filhos são insectos de alabastro
nas noites de insónia das mães
e os telhados deslizam para a parte
da frente das casas, anunciam a ruína.
nas noites de insónia das mães
e os telhados deslizam para a parte
da frente das casas, anunciam a ruína.
Há dias em que os pressentimentos
perseguem-nos como cães, as noites
de verão, as prensas nos dedos,
os úteros dentro das mães.
perseguem-nos como cães, as noites
de verão, as prensas nos dedos,
os úteros dentro das mães.
Foi
a tua morte que explicou a casa,
o modo como se dispõem geometricamente
as rosas sobre a terra.
o modo como se dispõem geometricamente
as rosas sobre a terra.
DIÁSPORA
Houve
um tempo em que eu desconhecia o medo.
Deus
ainda amava os filhos dos homens
quando,
anos mais tarde, parou de chover.
Caiu-te
um livro nas mãos como um presságio.
É
verdade que espero ainda o rumor branco
das
planícies, a superfície da manhã,
a
tua boca como o estio.
ÓBICE
O
que fizeste, mãe. Pergunto
sobre
o talude da infância.
Hoje
escrevi três poemas.
Protesto,
estrábico e ensimesmado.
Penso
salmão velho contra as paredes.
Não
é desolação, mãe. Na cama,
quando
anoitece, é à erosão
que
me aconchego, com a roupa
de
rua. E fecho os olhos para ver.
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