Amélia Dalomba é nome literário de Maria Amélia Gomes Barros da Lomba do Amaral, nascida em Cabinda, em 1961. Ambientalista, poeta, escritora, artista plástica, compositora, intérprete e declamadora, foi locutora, redatora, repórter do então Emissor Regional de Cabinda, bem como do jornal “A Célula”, Boletim de Informação Interna em Luanda. Assistente de Direcção da UECA – União de Estudos Espirituais Cristão de Angola e membro da Academia Estudantil de Arte Contemporânea (AEAC), Rio de Janeiro.
A CANÇÃO DO SILÊNCIO
A canção do silêncio é um poema ao suspiro
Mergulhado
Na profundeza do Índigo
O olhar de uma santa de barro
A linha do equador à deriva do pensamento
Gelo e sal e larva e mel
A canção do silêncio
ESPIGAS DO SAHEL
Espigas
espigas brotam do Sahel
pioneiras da liberdade
a caminhar sem cautela
pela floresta carregada de espinhos
Pessoas
pessoas
cruzam o meu caminho
penetram lentas e vagarosas
como
térmitas
na sala de interrogatórios
descubro o travo da
traição
Prefiro as hienas
e os lobos
que uivam constantes
todos sabem
donde e onde estão
Do ventre do bosque
ainda que faça silêncio
imaginam meu pensamento
ainda que cerre os dentes
e digo não penso
há gente que diz: mente
Não falo
não penso
oh gente da terra quantas vezes
ofereceis
malavu sem provar
HERANÇA DE MORTE
Lírios em mãos de carrascos
Pombal à porta de ladrões
Filho de mulher à boca do lixo
Feridas gangrenadas sobre pontes quebradas
Assim construímos África nos cursos de herança e morte
Quando a crosta romper os beiços da terra
O vento ditará a sentença aos deserdados
Um feixe de luz constante na paginação da história
Cada ser um dever e um direito
Na voz ferida todos os abismos deglutidos pela esperança
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