quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

[0536] De novo, Mário Máximo


Ex-vereador da Câmara Municipal de Odivelas, ex-responsável pelo Teatro Malaposta e pelas Bienais de Cultura Lusófona de Odivelas, animador cultural, diseur e poeta, Mário Máximo “revela” aos leitores de Ibn Mucana os segredos da língua portuguesa.


LÍNGUA PORTUGUESA

Amar uma língua é ter a chave para interpretar os segredos da existência.
Uma língua é um universo de símbolos e sons.
Um universo de significados e estéticas.
Amar uma língua é influenciar todas as outras
através das experiências extraordinárias
de dialetos e idiomas em contacto nos tubos de utópicos
vasos comunicantes
que unem continentes tendo como pontes os oceanos
e que unem oceanos tendo como pontes os continentes.

Amar a língua portuguesa é pertencer à humanidade da viagem.
É manusear a chave que não abre apenas a gaveta dos sonhos
mas o contador universal onde moram todas as gavetas,
pequenas e grandes,
que podem levar à revelação dos limiares superiores.
Amar a língua portuguesa é poder descobrir a teoria da relatividade
dos sentimentos que descobrem galáxias
e navegam quânticas probabilidades
e, logo a seguir, encontrar a teoria que nega toda essa relatividade.

Amar a língua portuguesa é ser a língua portuguesa.
Uma língua que não é pertença de ninguém.
Mas, todavia, tem uma história.
E essa história tem nomes e datas e tempos e luzes.

Quem falou, escreveu e viveu a língua portuguesa,
quem fala, escreve e vive a língua portuguesa,
quem vier a falar, a escrever e a viver a língua portuguesa
teve, tem e terá a sua quota-parte nessa aventura.

As palavras da língua portuguesa unem.
Esse é o segredo.

Sem comentários:

Enviar um comentário