Na poesia de Nuno Rebocho, a “esperança” e o “desejo de liberdade” são constantes que a percorrem. Nos poemas de “Discurso do Método” ressaltam com veemência nos “joelhos da alegria” como o “sentimento disponível de um chamamento”.
A CONSTRUÇÃO DA ESPERANÇA
conquanto me descubra no rosto oculto
que a esperança embebe na mágica dos dias
assim invento as tardes e descoso a febre
para os olhos. a hipocrisia é não tecer
e ter o outro lado e não sofrer
e esquecer-me mais do resto do que o gesto
de pintalgar a farda de um sorriso.
conquanto me descubra no interim dos outros
e cave o que me falta nesta falha de sentir
que o mundo roda roda e eu me tardo a vestir
o sentimento disponível de um chamamento
ou a chama de um torpor para de novo começar
a ter o jeito de um espelho invisível.
conquanto me encubra de águas e atravesse
as pedras de um jordão até ao outro lado
onde começa o sonho onde me disponho
até sentir os joelhos da alegria
de encontro ao rosto de começar o dia.
e depois direi que a esperança existe
sem ficar alegre e sem ficar triste.
Se fosse um jogador de futebol, destes ditos modernos, eu escreveria: de fino recorte técnico. Como é "apenas" um dos melhores poetas nacionais de sempre, eu escrevo: magnífico, de fino recorte poético. Que as novas gerações saibam aprender.
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