Nasceu em Vila Nova de Famalicão em 1977. Cronista, romancista, escritor de literatura infantil, editor e poeta, Prémio Manuel Maria Barbosa du Bocage de 2004.
DIGO QUE TE AMO
digo que te amo
sorris e eu amo, digo que te quero
sorris e eu quero, dizes em sonhos
em sonhos que já tive, onde desejei ser céu sol e
estrelas para que te pudesse olhar eternamente
ESCREVO COMO QUEM QUER SER ESCRITO
escrevo como quem quer ser escrito
uma árvore ou uma pena no centro da frase
um espelho branco onde observo a palavra
e dos seus troncos brotam folhas, letras
inundações de verde no lago azul do céu
que caem, voando, asas de papel
como tu, também eu sussurro
lentas sílabas à leve melancolia que nos abraça
SABES, PAI
sabes, pai
o cachecol bege nos muros da foz
cobria as árvores com o seu pêlo, ao vento
o boné azul, marinheiro nos cabelos louros
sussurrava pequenas frases às silentes águas
o teu sorriso tão leve, enternecia o rosto
esses óculos, teu cabelo nas tardes de sol
ou o barco encalhado na areia breve
junto ao castelo onde nos passeávamos
eu tu a mãe, duas ou três falas e o meu corpo
que se chegava a vós junto à estrada
nestes muros da foz, abertos ao mar
que voava
POEMA
Terei a coragem de Pavese para deixar
tudo preparado e partir? Um diário
com todas as indicações de que o fim
se aproxima e a passos muito largos,
a reunião de toda a poesia num original
devidamente encapado e pronto a ser
editado na Einaudi. Trabalhar cansa.
Aceito. Mas cansa mais não fazer nada.
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