terça-feira, 20 de novembro de 2018

[0429] Fernando Couto, a voz cheia de vozes


Fernando Leite Couto nasceu em Rio Tinto (Porto) em 1924 e faleceu em Maputo em 2013. Regressou a Portugal com a descolonização, onde trabalhou num jornal portuense, mas regressou a Moçambique. Jornalista, tradutor, editor e poeta, fundou a Editora Ndjira. Viveu durante algum tempo na cidade da Beira destacando-se a sua intervenção na rádio local. Usou também o pseudónimo de Pai Fernando. É uma referência da poesia moçambicana.


CORAÇÃO DA RAZÃO

Eu sei da sua solidão,
Como entendo meu coração,
Eu busco nossa união,
Nada é ilusão,
Compreendo sua razão,
A razão tem um sentido de ser,
Uma intenção em busca da emoção,
Pois entendo a sua solidão,
No seu espaço feito coração.


ALMA NEGRA

Me perco na imensidão de um céu cravejado de estrelas,
A noite é quente, mas o frio da alma me assusta!
Fecho os olhos e tento entender o porque de tanta amargura.
As estrelas me olham tentando entender a minha falta de emoção.
A resposta assusta!
A estrela cai, riscando o céu negro, o negro de minha alma,
Chorando a minha dor.
A imensidão negra chora a amargura de minha alma.


MORRO AOS POUCOS

Não quero mais sair,
O dia me queima,
A noite me assusta,
A lembrança do teu cheiro
Me consola,
A sua falta,
Me mata aos poucos.


CONTINUAREI

Mesmo que o som acabe...
Continuarei ouvindo os colibris...
Mesmo que a noite acabe...
Continarei vendo estrelas...
Mesmo que a vida acabe...
Continuarei sentindo sua falta...
Mesmo que o mundo acabe...
Continuarei...!

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