Jornalista
e poeta brasileiro, Ronaldo Werneck nasceu
em 1943 na cidade de Cataguases, no Estado de Minas Gerais. Foi editor de
vários Suplementos Literários a partir da dos anos 1960 e colaborou com vários
órgãos da imprensa. A partir de 2005, foi Director de Comunicação do Festival
Cineport, o Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa. É autor de
diversos títulos de poesia. Já foi publicado neste portal e agora revisita-nos.
Muitos nos honra.
HUNGER
& CO.
Há
mundos futuros, república,
cristianismo,
céus, loengrim.
São
mundos presentes:
patentes
vanderbilt-north, sul-serafim
Sousândrade
1.
chave cigarro isqueiro
lenço carteira dinheiro
de que
vale o homem
contra o
nome e a fome
o cotidano no bolso
o que sobra do nome
um osso
o sim
pelo não
chave
mas sem
porta
que importa o nome
quando o homem
se consome
em
si
em
sim
em
todos
e
nomeia o nome
no meio a fome
a
fome
e
seu nome
HUNGER
& CO.
a empre/s.a.
e seu desprezo
urbe
et agro
a empresa
vereda do amargo
money
abuU$A
do lar
DÓLAR
arcabouço
da fome
que outro homem
come
2.
do lar
a
fome
dólar
o
nome
que importa um homem
no meio do money
que hunger & co. come?
chave
cigarro
isqueiro
de que vale o homem
contra a fome
a fome e seu nome
MONEY?
do lar o money
suga a dor
o nome o ar
um homem e sua fome
um homem
arquitetura
de
osso e espanto
3.
um homem e
sua mão
um homem e
seu não
mão que maneja o medo
não que nomeia o nome
diante do money
NÃO
diante da fome
NÃO
4.
um dia ante a fome
a mão
se
levanta
ex urbe et agro
a
mão
se levanta
contra a fome
o money o nome
o outro homem
e tudo
MAR DE CAMÕES AMAR
FLORBELA ESPANCA
– O que
tens, bela? A que vens, Florbela?
– Mar
de dor, dor a navegar, Camões.
Velas,
clarões de carabelas velhas,
trôpegas,
tontas sob o azul: canções.
– E tu,
Luís, aonde vais, aonde?
– Mar
de Camões amar Florbela Espanca
que se esvai: mar, Flor, bela flor:
responde
amor,
ao brado de seu bardo e canta.
Mas
donde vens, vela, branca luz e tanta?
– Do
mar me tens: mar, mar, maralto e largo
Flor
D’Alma Bela da Conceição Espanca
esse
mar, fado, mar de outroragora
doce
amar, tanto mar que amar amargo.
– Flor,
bela flor em desconcerto: chora.
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