Poeta, editor e
bibliógrafo, Luís Amaro foi director das revistas “Árvore” e "colóquio". O seu
falecimento magoa e entristece todos os amantes da literatura portuguesa. Jorge
de Sena caracterizou a poesia de Luís Amaro: “um tom muito discreto e
angustiado, que não chega ao confessionalismo e se mantem numa pessoal reserva
quase solipsista e desencantada, em que a amargura de um ser isolado encontra
notas muito puras, de uma bela musicalidade íntima”.
“ibn Mucana” expressa o
seu pesar aos enlutados.
BIOGRAFIA
Extrair poesia duma alma
precária, qual a minha,
num corpo frágil,
eu sei… é quase heroico.
Porque cá dentro é escuro,
como falar senão da noite louca,
da morte que nos ronda
e se interpõe
entre o meu olhar e a luz do dia?
E anda um fantasma a corroer a nossa,
nossa alegria…
Como cantar as paisagens belas
se a noite é sem estrelas?
Como falar dos tempos de criança
se nunca tive infância?
E tanto que eu quisera
vibrar à luz do sol
e enleado esquecer-me no mistério
duma flor que nasce
aberta para o mundo
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