JOSÉ LUÍS MENDONÇA, poeta de profissão, fez a sua
aparição no mundo das Letras Angolanas, com “Chuva Novembrina”, obra à qual foi
atribuído em 1981 o Prémio Sagrada
Esperança pelo INALD - Instituto Nacional do Livro e do Disco. Actualmente
dirige e edita o Jornal CULTURA, quinzenário angolano de Artes & Letras. O
poeta nasceu a 24 de Novembro de 1955, no Golungo Alto, e é licenciado em
Direito pela Universidade Católica de Angola. Iniciou-se no jornalismo
estudantil, aos 17 anos de idade. Em 2005, foi contemplado com o Prémio “Notícias Gerais da Lusofonia”, no
Concurso CNN-Multichoice Jornalista
Africano e o Ministério da Cultura de Angola atribuiu-lhe o Prémio “Angola Trinta Anos”, na disciplina de
Literatura, no âmbito das comemorações do 30º Aniversário da Independência
Nacional, pela sua obra poética “Um Voo de Borboleta no Mecanismo Inerte do
Tempo”. No ano de 2015, foi-lhe outorgado o Prémio Nacional de Cultura e Artes na categoria de Literatura, devido
à singularidade do estilo e o valor cultural das temáticas tratadas, tendo
instituído o amor como guia da sua produção literária, em torno da qual
percorrem diversos temas, entre os quais as relações entre povos e o poder político,
para além de, no conjunto da sua obra poética, associar a política e a
ideologia, as interacções que a história recente de Angola levanta, as
tradições populares e o maravilhoso, bem como a preservação do ambiente. Primeiro editor da revista Mensagem do MINCULT. Co-fundador e
primeiro editor da revista O CHÁ (da Associação Chá de Caxinde) e fundador e
editor da revista KISANJI, da delegação de Angola junto da UNESCO (Paris, onde
trabalhou como Adido de Imprensa – 2008 a 2011). Editou também as revistas do
Ministério da Cultura sobre a FEIRA DO LIVRO DE HAVANA 2013; e sobre o FENCULT
1014.
Projectos e
Ensaios: no domínio da
Educação e Cultura
PROJECTO LER É CRESCER – Em 1998, elaborou e implementou sob tutela do
Ministério da Educação e com o apoio do INALD, o projecto intitulado ‘Ler
é Crescer’, na vertente das bibliotecas manuais de turma, cujo
objectivo é incentivar o gosto pela leitura, cultivar o espírito, isto é,
aumentar o nível cultural do cidadão e aprimorar a capacidade de redacção e
leitura da língua portuguesa, principalmente entre as camadas mais jovens (dos
10 aos 14 anos), nos centros escolares do país. O projecto ‘Ler é Crescer’ foi
implementado nas províncias de Luanda, Bié e Moxico, com base nos apoios em
material bibliográfico recebidos da União dos Escritores Angolanos, da UNESCO e
do Instituto Camões. Actualmente, está desdobrado numa vertente comunitária, de
proximidade aos utentes, intitulada ‘Leituras no Quintal’.
Bibliografia
01. Chuva Novembrina, Poemas; 1981 Prémio
Literário Sagrada Esperança
(INALD-Instituto Nacional do Livro e do Disco)
02.
Gíria
de Cacimbo, Poemas; 1987 (União dos Escritores Angolanos - UEA)
03.
Respirar
as Mãos na Pedra, Poemas; 1990, Prémio Literário SONANGOL (UEA)
04.
Quero
Acordar a Alva, Poemas, 1996, Prémio Sagrada Esperança - INALD)
05.
Se a
Água Falasse, 1997, 16 Poemas, Primeiro Prémio dos Jogos Florais do Caxinde
06.
Logaríntimos da
Alma, Poemas, 1998 – UEA
07.
Ngoma
do Negro Metal, Poemas, 2000 – Editora Chá de Caxinde
08. Um Canto para Mussuemba,
Antologia de poesia seleccionada, 2002 – Imprensa Nacional - Casa da Moeda
(INCM), Lisboa
09.
Os
Vinte Dedos da Vida, Conto, 2003 – Editorial Chá de Caxinde
10.
Cal
& Grafia, Antologia de 20 anos de Poesia, 2005, Editora
Kilombelombe
11.
Nua
Maresia, Poemas, 2005 – UEA
12. Um Voo de Borboleta no Mecanismo Inerte do Tempo, Poemas,
2006, Prémio “Angola 30 Anos” do Ministério da Cultura, INALD
13.
Poesia
Manuscrita pelos Hipocampos, Poemas, 2010 – UEA
14.
Olfactos
do Afecto, Poemas, 2010 – UEA
15. Africalema (Antologia, 102 poemas
escolhidos), 2011 –
NOSSOMOS, Póvoa De Varzim, Portugal
16.
Não Saias sem Mim à Rua esta
Manhã, 2011 –
NOSSOMOS, Póvoa De Varzim, Portugal
17.
Esse País Chamado Corpo de Mulher, 2012 – UEA
18.
O reino das casuarinas, romance, 2014, Leya (Lisboa) e
Texto Editores (Luanda)
19.
Luanda fica longe, colectânea de contos, 2016, Leya (Lisboa) e Texto Editores (Luanda)
20.
Angola me diz Ainda, poesia de intervenção, 2017,
Guerra & Paz (Lisboa) e Acácias (Luanda)
O POVO É FEITO DE
BARRO
O povo é
feito de barro
de pouca
coisa na mão
do
acontecimento tão triste
de ser
ele quem paga a factura
das
guerras que os líderes decretam.
O povo é
feito da planta
mais
fina que cresce no rio
um
luando para dormir
três
pedras para cozinhar
a sombra
amena que desce
da
palmeira de dendém.
O povo é
o próprio capim
que os
elefantes pisoteiam
e comem
até arrotar.
Nosso
povo era ferreiro
agora
nem faca forjamos
a
globalização vende tudo
pra quê
deixar de comprar
se temos
os bolsos bem gordos
com
ramas de ouro negro?
Da obra
“Angola, me diz Ainda” (2017)
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