quinta-feira, 20 de setembro de 2018

[0157] Mário Pinto de Andrade e a assunção da negritude na África de expressão portuguesa


Mário Pinto de Andrade nasceu no Golungo Alto em 1928 e faleceu em Londres em 1990. Escritor, sociólogo, político, ensaísta e poeta, foi fundador e primeiro Presidente do MPLA. Depois de estudos secundários em Luanda, foi para Portugal frequentar a Universidade, relacionando-se então com Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Francisco José Tenreiro, tendo com eles criado, em 1951, o Centro de Estudos Africanos. Integrou a Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa, identificando-se com as correntes independentistas. Considerado, pelo salazarismo, um nacionalista perigoso, teve que se refugiar em Paris, onde conviveu com Leopold Senghor e Nelson Mandela. Foi chefe de redacção da revista “Présence Africaine” (1957/58), participando nos 1º e 2º Congressos de Escritores e Artistas Negros. Fundador do MPLA foi seu Presidente e depois Secretário-Geral, coordenando a Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP). Em 1974, assumiu a direcção da “Revolta Activa”, facção do MPLA que se opunha à ditadura de Agostinho Neto e defendia a democratização em Angola. Após a tentativa de golpe de Estado por Nito Alves e para escapar à repressão netista, refugiou-se na Guiné-Bissau e, posteriormente, em Cabo Verde.

CANÇÃO DE SABALU
Nosso filho
Mandaram-no p’ra S. Tomé
Não tinha documentos
Aiué!
Nosso filho chorou
Mamã enloqueceu
Aiué!
Mandaram-no p’ra S. Tomé
Nosso filho já partiu
Partiu no porão deles
Aiué
Mandaram-no p’ra S.Tomé
Cortaram-lhe os cabelos
Não puderam amarrá-lo
Aiué!
Mandaram-no p’ra S.Tomé
Nosso filho está a pensar
Na sua terra, na sua casa
Mandaram-no trabalhar
Estão a mirá-lo, a mirá-lo
Mamã, ele há-de voltar
Ah! A nossa sorte há-de virar
Aiué!
Mandaram-no p’ra S.Tomé
Nosso filho não voltou
A morte levou-o
Aiué!
Mandaram-no pr’ra S. Tomé

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