sábado, 15 de dezembro de 2018

[0495] António Sousa Freitas, o som do mar


Nascido em Buarcos em 1921 e falecido em Lisboa em 2004, letrista e poeta, foi galardoado com o Prémio Antero de Quental de 1951 e o Prémio Camilo Pessanha de 1958. Estudante coimbrão, fundador do jornal “Saúde” e do Gabinete Português de Medalhística.


SEM TÍTULO

Não estou só, meus irmãos,
tenho o céu por horizonte
e a morna luz de uma estrela
em meus olhos amanhece.
Tenho as flores que me rodeiam
E este silêncio caído
Na vida que permanece.
Tenho os bichos, tenho os pássaros.
Tenho as sombras que passeiam
sempre no mesmo sentido
que em mim próprio vive – e cresce.

Tenho a certeza também
de encontrar o meu senhor,
filho de Deus. Sua mãe
O gerou cheio de amor.


POEMA

Acho inúteis as palavras
Quando o silêncio é maior
Inúteis são os meus gestos
P'ra te falarem de amor

Acho inúteis os sorrisos
Quando a noite nos procura
Inúteis são minhas penas
P'ra te falar de ternura

Acho inúteis nossas bocas
Quando voltar o pecado
Inúteis são os meus olhos
P'ra te falar do passado

Acho inúteis nossos corpos
Quando o desejo é certeza
Inúteis são minhas mãos
Nessa hora de pureza.

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