terça-feira, 4 de dezembro de 2018

[0469] NUNO REBOCHO, POEMAS DE TERÇA-FEIRA (9) Nuno Rebocho, em nome do povo

Poeta nas horas vagas, o autor nunca vituperou o legado histórico português, embora o visse como gesta de um povo e não apenas dos seus reis, presidentes, guerreiros, santos, navegadores, etc. 

Na sua interpretação é o povo que faz a História. Se o tem vincado nos estudos coligidos, escritos e publicados (“O 18 de Janeiro de 1934”, “A frente popular antifascista”, “História Breve do Sindicalismo Reformista”, “A Companhia dos Braçais do Bacalhau”, “Histórias da História de Santiago”), também o lembrou na poesia, como foi o caso do seu livro “Nau da Índia”, que abre precisamente com o poema que ora se publica


NAU DA ÍNDIA

a nau que vem da índia
carrega ouro carrega especiarias
venceu o mar da perfídia
entre alíseos & calmarias
o gajeiro amarrota os longes da ilusão
o piloto afaga a mulher que deixou em terra
o contramestre toca violão

a nau que vem da índia
vai no torna-viagem
abarrota das quintaladas
audácias desfeitas na aragem
doutras índias sonhou o capitão
o piloto amarga frutos frescos da terra
o contramestre toca violão

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