António Correia de Oliveira nasceu em 1879 em S. Pedro do Sul e faleceu em Esposende em 1960. Jornalista, funcionário público e poeta “oficial” do salazarismo, nacionalista, saudosista e neo-garrettista.
O que sou eu? – O Perfume,
Dizem os homens. – Serei.
Mas o que sou nem eu sei...
Sou uma sombra de lume!
Rasgo a aragem como um gume
De espada: Subi. Voei.
Onde passava, deixei
A essência que me resume.
Liberdade, eu me cativo:
Numa renda, um nada, eu vivo
Vida de Sonho e Verdade!
Passam os dias, e em vão!
– Eu sou a Recordação;
Sou mais, ainda: a Saudade.
PELA PÁTRIA
Ouve, meu Filho: cheio de carinho,
Ama as Árvores, ama. E, se puderes,
(E poderás: tu podes quanto queres!)
Vai-as plantando à beira do caminho.
Hoje uma, outra amanhã, devagarinho.
Serão em fruto e em flor, quando cresceres.
Façam os outros como tu fizeres:
Aves de Abril que vão compondo o ninho.
Torne fecunda e bela cada qual,
a terra em que nascer: e Portugal
Será fecundo e belo, e o mundo inteiro.
Fortes e unidos, trabalhai assim...
- A Pátria não é mais do que um jardim
Onde nós todos temos um canteiro.
A DESPEDIDA
Três modos de despedida
Tem o meu bem para mim:
- “Até logo”, “ até à vista”
Ou “adeus” – É sempre assim
“Adeus” é lindo, mas triste;
“Adeus”… A Deus entregamos
Nossos destinos, partimos,
Mal sabendo se votamos
“Até jogo” é já mais doce
Tem distância e ausência, é certo;
Mas não é ano e dia
Nem tão-pouco algum deserto
Vale mais “até à vista”
Do que “até logo” ou “adeus”;
“À vista” lembra. voltando
Meus olhos fitos nos teus
Tem modos de despedida
Tem, assim, o meu Amor;
Antes não tivesse tantos!
Nem um só… Fora melhor.
Sem comentários:
Enviar um comentário