segunda-feira, 24 de setembro de 2018

[0186] Pedro Cardoso, o advento da poesia cabo-verdiana

Pedro Monteiro Cardoso nasceu em S. Filipe, ilha do Fogo, em 1883 e faleceu na cidade da Praia em 1942. 

Poeta, jornalista e investigador cultural, foi um dos nativistas que enformaram a literatura cabo-verdiana. 

Usou o pseudónimo de “Afro”, sempre procurando valorizar a sua essência crioula, reivindicando a identidade cabo-verdiana e não temendo escrever na sua língua, então marginalizada. 

Foi proprietário do jornal “Manduco”, editado no Fogo.


COITADO QUEM DIXÁ SE TERA

Coitado quem dixá se terá
Sel dixá nel se coraçon;
El embarca pa terá longe
Sim sabê si al birà ó nam!

Coitado quem p’es mar de Cristo
Cubiça tem chumá-l, lebá,
Pôs canto bês tem conticedo
Mute que bai ca bolta má!

Coitado quem nim ta drumi
Se coraçam ta descansá:
Pa punde el bai vos de sodade
Na obido sta-l sa ta chorá!

Coitado quem na terra estranho,
Sim má, sim pá, sim jaraçom,
Si el dijijâ bem pa se tera
Ca achâ ninguêm pa dá`l de mom!

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