Nome literário de Diogo
Virgílio de Lemos, nasceu na ilha de Ibo, Moçambique, em 1926 e faleceu em 2013
perto de Nantes, França. Um dos impulsionadores do movimento literário
moçambicano dos últimos 50 anos, foi jornalista, editor da folha de poesia
“Msaho” que teve papel crucial na cultura daquele país. Por sua intervenção,
afirmou-se uma poética em rotura com os paradigmas literários coloniais.
Acusado de desrespeito à bandeira portuguesa num poema escrito com o heterónimo
Duarte Galvão, foi julgado e absolvido em 1954. Desde então e até 1961
colaborou com a resistência moçambicana, sendo encarcerado pela PIDE. Quando
libertado, exilou-se, retirando-se para França e sendo alguns dos seus livros
apreendidos pela censura colonial-fascista. Vanguardista e bilingue, escreveu
em português e francês, aproximando-se de uma escrita fragmentária, espontânea
e surrealizante, marcada pelo onirismo. Usou também os heterónimos de Li Yang e
Bruno dos Reis, para além de Duarte Galvão.
VIAGEM PELA RUA DOS CASINOS
ao Fernando Ferreira / ao Reinaldo F.
1.
A velha rua dos casinos ri-se
velha cigana, tempo
que vai a rua para dar
um ar da sua graça:
na noite, guerras de sedução,
passeiam-se velhas e jovens
putas, marinheiros, músicos,
mangas de alpaca.
Corpos que se exibem, sexos
que ejaculam,
do solitário deserto
ao imprevisível
vulcão.
2.
E nesta babilónia de gozos
frágeis luzes e amores
Insulada e cúmplice,
a noite avança pela madrugada
e o cacimbo sustém
a ironia leve das sensações
e sonhos.
O sexo, meu Amor, escreve-se
sem cadastro, almirantes
e marinheiros, Detinhas e Júlias
de garras e dedos de suruma
suspensos entre tua savana
de indecifráveis línguas
e meu ideado fogo.
3.
Pelas tuas costas, colinas,
tuas ancas, latejam
leitosas, as asas do abandono,
A velha rua dos casinos ri-se
velha cigana, tempo
que vai a rua para dar
um ar da sua graça:
na noite, guerras de sedução,
passeiam-se velhas e jovens
putas, marinheiros, músicos,
mangas de alpaca.
Corpos que se exibem, sexos
que ejaculam,
do solitário deserto
ao imprevisível
vulcão.
2.
E nesta babilónia de gozos
frágeis luzes e amores
Insulada e cúmplice,
a noite avança pela madrugada
e o cacimbo sustém
a ironia leve das sensações
e sonhos.
O sexo, meu Amor, escreve-se
sem cadastro, almirantes
e marinheiros, Detinhas e Júlias
de garras e dedos de suruma
suspensos entre tua savana
de indecifráveis línguas
e meu ideado fogo.
3.
Pelas tuas costas, colinas,
tuas ancas, latejam
leitosas, as asas do abandono,
cessa a
vida, morre o canto
e a noite é
a cintilação dos murmúrios
a musicada vertigem
do silêncio.
e a noite é
a cintilação dos murmúrios
a musicada vertigem
do silêncio.
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