domingo, 23 de setembro de 2018

[0178] Eduardo Pondal, o bardo de Bergantiños

Nascido em 1835 em Ponteceso, em A Coruña, e falecido na cidade de A Coruña em 1917, Eduardo Maria González-Pondal e Abende foi um dos vultos do Renascimento Galego. 

Médico e poeta regionalista, esteve ligado, em Santiago de Compostela, ao movimento estudantil que propugnava pela afirmação do galeguismo. 

Com Rosalía de Castro, destaca-se na assunção do galego como língua literária. 

Poeta da liberdade, conhecido pelo “bardo de Bergantiños”, cantando o suposto passado céltico, tornou-se a voz oficial do chamado “ressurgimento galego”.

OS PINHEIROS (HINO DA GALIZA)

Que dim os rumorosos
na costa verdecente,
ao raio transparente
do plácido luar? Que dim as altas copas
de escuro arume harpado
co seu bem compassado
monótono fungar? Do teu verdor cingido
e de benignos astros,
confim dos verdes castros
e valoroso clã, não dês a esquecimento
da injúria o rude encono;
desperta do teu sono
Fogar de Breogám. Os bons e generosos
a nossa voz entendem
e com arroubo atendem
o nosso rouco som, mas só os ignorantes
e férridos e duros,
imbecis e obscuros
não nos entendem, não. Os tempos são chegados
dos bardos das idades
que as vossas vaguidades
cumprido fim terão; pois, onde quer, gigante
a nossa voz pregoa
a redenção da boa
Nação de Breogám. Teus filhos vagorosos
em que honra só late,
a intrépido combate
dispondo o peito vão;
sê, por ti mesma, livre
de indigna servidume
e de oprobioso alcume,
região de Breogám.
À nobre Lusitânia
os braços tende amigos,
aos eidos bem antigos
com um pungente afã;
e cumpre as vaguidades
dos teus soantes pinos
duns mágicos destinos,
ó, grei de Breogám!
Amor da terra verde,
da verde terra nossa,
acende a raça briosa
de Ousinde e de Frojão;
que lá nos seus garridos
justilhos, mal constreitos,
os doces e alvos peitos
das filhas de Breogám;
que à nobre prole ensinem
fortíssimos acentos,
não mólidos conceitos
que às virgens só bem estão;
mas os robustos ecos
que, ó pátria!, bem recordas
das sonorosas cordas
das harpas de Breogám.
Estima não se alcança
com vil gemido brando;
qualquer requer rogando
com voz que esquecerão;
mas com rumor gigante,
sublime e parecido
ao intrépido sonido
das armas de Breogám.
Galegos, sede fortes,
prontos a grandes fatos;
aparelhai os peitos
a glorioso afã;
filhos dos nobres celtas,
fortes e peregrinos,
luitai pelos destinos
dos eidos de Breogám.

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