quinta-feira, 20 de setembro de 2018

[0155] Tchalé Figueira revisitado



Pintor e poeta cabo-verdiano, Tchalé Figueira dá-nos a honra de revisitar este portal. Nascido em Mindelo, ilha de S. Vicente, em 1953, vive actualmente na cidade da Praia. 


LANTERNAS DO MUNDO

Fogo bélico, olhos amedrontados
Verbos armadilhados com falácias,
Sincronizados, em gestos patéticos
Manipulados, hipnotizados vão a guerra,

Eu não !

Eu quero música
Num piano que espalha
Hinos a Alegria....

Mas!...

Mesquitas, igrejas e sinagogas ardendo...

Uma senhora perguntando por Deus, alguém
Grita que Deus morreu, é urgente o amor...

Mães do mundo
Seus pesadelos,

Filhos mortos,

Túmulos silenciosos

Necrópoles...

"Viva la muerte"!

Uiva a hiena...

Mas,

No coração
Dos poetas,

Há esperança...

Em versos cantam :
 

Somos as lanternas do

MUNDO.
                                              

NO TANQUE DA MINHA ALDEIA

Tanque de água
Onde reflete
Nas noites estreladas
O céu

Luzes do universo
Tanque onde cabe
Em reflexo meu rosto

Espelho de água
Da minha aldeia

Meu reflexo
Enfeitado de
Estrelas

Tantas perguntas
E nada sei


O POETA SUGERE

Num promontório,

Com a brisa que
Vem do mar

Abre os pulmões e respira, 

Se és religioso, reza,
Se não és,
Contempla...

Se a chuva cair
Dança,

Tudo é
Harmonia
Em ti...


Quando a chuva
Calar e os pássaros
Cantarem,

Continua dançando...


Com o coração
Pulsando

Deita-te  no chão...

A noite abre

Grilos e cigarras
Cantam,

Contempla a magia
Do universo

Com o seu véu de
Infindas galáxias

Sem comentários:

Enviar um comentário