UM ATO ISOLADO
Ao Nuno Júdice, in memoriam
Ás vezes tenho a sensação que só o poeta é feliz,
e por poucos segundos apenas.
Constrói uma casa com o vapor do duche,
senta-se depois confortável lá dentro
ou deita-se de barriga para cima
a contemplar o teto a passar.
Até que alguém — que não sabe ao que vem —
abre a porta e deixa entrar o vento da multidão.
Talvez poucos saibam, mas a poesia é um T0
num subúrbio discreto (para não lhe chamar outra coisa pior.).
E torna-se insuportável com muita gente lá dentro.
É pena ter que dizê-lo, logo hoje num dia tão bonito,
que a poesia é um ato insocial.
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