terça-feira, 29 de dezembro de 2020

[0723] Carlota de Barros oferece-nos mais um poema, desta feita sobre os tempos de chumbo de hoje e uma nova esperança


UM JARDIM NOVO


À transparência de um pôr-do-sol dourado

que avisto neste momento da minha janela

embalada que me sinto pelo brilho de um sonho

de gestos fantasiados em jardins maravilhosos

a minha alma exulta e inventa novas maneiras

de enfrentar o real em que continuo a sentir-me

náufraga de um navio sem rumo


Numa procura incessante de novos gestos redentores

sinto o coração suspenso enquanto o desconhecido cresce

alucinado    enchendo o ar de incertezas e de tormento


Nessa busca contínua   a minha alma vai subindo com o vento

procurando novos caminhos   novos sonhos   um jardim novo

que chegará   mesmo que na agitação das horas   dos dias   

das ondas do mar   dos corações suspensos e das almas

que vivem hoje solitárias   amedrontadas   sem sonhos


Mas hoje chegou o sonho de todos    em carros escoltados de alegria e emoção

e as almas de inquietos gestos   pálidas de medo   no vazio da solidão

baloiçam agora de alegria   com o vento e as aves do céu pelas planícies

onde o sol brilha    dourando o ar como um poema de amor consentido


Um novo jardim   lírios azuis   rosas amarelas   novos sonhos escorrendo 

como a luz da Esperança que agora navega por mares de ondas mais calmas 

enquanto  as almas com gestos claros e serenos  dançam com delícia 

sua imensa alegria agitando os espaços   em silêncio  de regresso à claridade


Carlota de Barros

Lisboa, 27 de Novembro de 2020



Sem comentários:

Enviar um comentário