terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

[0569] NUNO REBOCHO, POEMAS DE TERÇA-FEIRA (19) Nuno Rebocho e a constante liberdade


Retirado em Cabo Verde, Nuno Rebocho manteve a constante sedução pela liberdade, ainda que a paisagem à sua volta parecesse ser pouco convidativa da não cansativa “sagrada esperança”: sempre a liberdade vadiava.


ENTREMENTES

quando as acácias rugiam
aos alísios e as galinholas grasnavam
sua solidão por entre as ramagens
eu era feliz
apesar de exilado
era feliz

chamava pedra às pedras
enquanto o mar molhava esperanças
chamava vida à vida
enquanto roía as unhas de algumas mágoas

chocalhavam as agruras
onde a liberdade agoniava sedições
- a liberdade vadiava
mas não cansavam as emoções

antes voltasse ao que já foi
que sentir cair os dentes
e vomitar presentes

Sem comentários:

Enviar um comentário