De Cabo Verde, Kaká Barbosa envia-nos um excelente poema para, no novo ano que se aproxima, olharmos no retrovisor o ano que finda.
O ANO QUE PAROU OS ANOS
O calhau pisava rascunhos sobre a prancha
o macete silencioso parecia esculpir as horas
o calendário exibia um magnífico dia
espelhado no tejadilho dos automóveis
a vidrada face do gelo
a garrafa de circunstância
a taça de cristal na toalha branca
aguardavam o momento formal
contou-se até três
o fósforo
o gozo
o sopro
o copo
o bolo
arqueados sobre a luz oval das velas
mais o ciclo das cinquenta maias
incendiou-se o calendário do poeta.
Sem comentários:
Enviar um comentário