Abreu Castelo Vieira dos Paxe nasceu em Loge (Bembe, Uíge) em 1969. Professor de Literatura. Ganhou o Prémio Um Poema para África de 2000 e o Prémio António Jacinto de 2003.
NARRATIVA DA POESIA NA RUA DO PÔR DO SOL
ainda o mesmo pôr do sol ... na rua
sem rua mas a andar por aí na forma original dum espanto também essa lua de ruas
pois é... esses são os frutos... aqueles são os sabores... todos limados e arredondados noites de actividades essa informação toda nenhum registo... era a nitidez dum sonho seguinte.
um ponto antes de noites e outro ponto entre actividade e essa ignorados... separa as noites seguintes dos frutos e dos sabores arredondados desse luar de ruas sem rua ... Ou seja o principio de onde se dissolvem os sentidos eramos nós a vírgula antes do mas e do também.
Pois é separa... esses são os frutos... aqueles são os sabores... todos limados e arredondados. Noites de actividades. Essa informação toda de nenhum registo... era a nitidez ainda dum sonho seguinte.
Sem rua, mas a andar por aí na forma original dum espanto, também essa lua de ruas
Ainda ou seja também o mesmo pôr do sol ... na rua da semana cheia de sol sem o sol do mês nestes doze meses de vale no loge.
A narrativa de silêncio no poema é a semântica dessa e não daquela sintaxe
DE CERTO MODO OS DESTROÇOS PALAVRAS
De igual modo as partículas invariáveis traços lábias
sempre há uma mulher no mal
por isso trepo meu olhar pelas paredes e pelo tecto
o último cruzar de pernas
zona prestigiada o eixo compreendia o acento de intensidade
junto todos os sentidos no modo algum tempo exacto
sem esquecer na via erudita expressão
o étimo uma mesa com o portal aberto
outro reino de certeza
a comunicação oficial adoptou o berço língua lençol
tanto tempo sonorizado
estava inscrito nas fronteiras este período
das alíneas funções sintácticas
diferenças dos pares vocabulares
nascem outras partículas variáveis destroços
ENTRE A RETAGUARDA E A VANGUARDA
No silêncio das rodas circulam cabeças todo o troço e membros
meus movimentos as sombras do muceque seus muros
feriam todos os materias são lentas chuvas
as sonoridades são danças vagarosas são breves carnes
em cada lado a brasa de cada lado nkonko o rio
maré cheia, cheira a libongo tua brancura de noite mabanga suada
DESENHOS DE AREIA
os desenhos de areia são formas de silêncios construídos no chão sem lápis sem convenções
codificadas as vontades ventos areia deserto cálculos são mesmo olhos volitivos as linhas
as narrativas os acidentes olhos de sol o sal do sol também
os verbos atravessados por cabelos crescidos bagres saujoka muna saú
engula também a saliva embora fale sem saliva o rio e a água
as vontades são mesmo securas esses desenhos de areia o deserto sol
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